Relíquias Reveladas pelo Sol

Antotipia

fotografia natural

por REGINA CURY

RELÍQUIAS REVELADAS PELO SOL

Fruto de uma intensa produção de trabalhos de antotipia, minha pesquisa é uma reflexão sobre como essa técnica de fotografia pode ser potente ao promover a reconexão do ser humano com a natureza, com os ciclos da vida, com a efemeridade e a impermanência e, ao mesmo tempo, com o que é eterno.

A antotipia desenha imagens fotográficas em uma delicada dança entre pigmentos vegetais e a luz do sol. Essa dança demanda do artista um voltar-se para fora, observar o dia e a noite, as estações do ano, os ritmos da natureza... colher e extrair o sumo das plantas que estão pelo caminho, criar composições e lidar com o tempo, a espera e a surpresa.

Fazer antotipia é fazer fotografia com as próprias mãos, papel, natureza e luz. Meu trabalho propõe um encontro poético entre essa técnica analógica, com mais de 200 anos de história, e a fotografia digital.

EMULSÃO DE SPIRULINA, FOLHAS E SAQUINHO DE FILÓ

UM POUCO DE HISTÓRIA

A antotipia tem raízes no século XIX, era efervescente de exploração fotográfica. O cientista inglês John Herschel publicou os primeiros artigos que uniam pigmentos vegetais à magia da fotografia entre 1840 e 1842.

Mary Somerville, cientista escocesa, desempenhou um papel essencial nessas pesquisas. Mas seus estudos foram divulgados sob o nome de Herschel porque as mulheres encontravam limitações para assinar de forma independente naquela época.

Os pigmentos vegetais usados na antotipia têm nuances monocromáticas, mas enriquecidos com outras substâncias podem gerar um espectro de cores surpreendente.

A sensibilidade desses pigmentos à ação contínua da luz faz com que os antótipos sejam efêmeros, se apaguem com o tempo. É então no encontro presente com a fotografia digital que torno perenes as imagens que produzo.

"little coriander tree"

EMULSÃO DE TAIOBA, UM RAMINHO DE COENTRO

E UM PEDACINHO DE GAZE